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domingo, 31 de julho de 2011

Os Vermes

Os vermes não fedem com eu
Nem são tão maus
Sua sordidez não arranha a minha

Os vermes não são nojentos como eu
Não sabem as minhas loucuras
Os vermes não são tão malditos, nem tão insanos, nem tão impuros

Em suma, não me ofuscam
Mas são vermes.

O Maluco do Pão

Não dormia à noite
Temia o silêncio da madrugada
Mas apenas quando estava dentro de casa

Na rua era o Maluco do Pão

Não dormia à noite: tinha medo
Na rua era o Maluco do Pão
E nunca saberei porque.

Conto Inacabado

Ao acordar ele lembrou do sonho: uma mulher, cabelos longos, olhos negros, tinha um vestido fácil de desabotoar igual àquele que ele tinha lido num conto francês. A mulher acordava e fazia tudo o que era de costume antes de sair de casa (foi aí que ela pôs o vestido). Mas o sonho não foi tão nítido para que ele soubesse qual era a cor.
Mas antes de sair ela lembrava, havia sonhado, um sonho com um homem, e nesse sonho ele levantava todos os dias e escrevia o que sonhou durante a noite conturbada. Ela sonhara que ele escrevia um sonho no qual ela estava, bonita em um vestido verde durante o dia. Depois de lembrar do sonho ela saiu. Sonho curioso...
No sonho dele, assim que deixava sua casa, ela era abordada por dois homens, levada para um lugar distante, estuprada e morta. Ninguém sabia de seu paradeiro.
foi então que, ao lembrar do sonho em que o homem que escrevia previra sua morte, ela decidiu-se por ficar em casa naquela manhã. Não sairia. Então alguém bateu á porta: eram dois homens. O homem que escrevia parou de escrever.

sábado, 30 de julho de 2011

Pensamento Roubado

"Quem nunca deixou um canudo de Todynho entrar na caixinha não saber o que é sofrer a dor de uma perda."

quarta-feira, 27 de julho de 2011

O Cavalo Surdo

Todos os dias um jovem rapaz saia de casa sozinho. Era jovem e solteiro, vivia com os tios numa fazenda pequena e antiga. Tinha cabelos crespos e muito bem arrumados. Sempre se vestia modestamente, mas nunca mal. Gostava de camisas curtas e calças, sapatos nunca, sempre sandálias. Todos os dias saía assim de casa, saía sozinho para vender os produtos que sua tia fazia, numa banca de madeira em frente à pequena praça da cidade próxima. Trazia sempre uma grande sacola e dentro, além de biscoitos de aveia e fubá e diversos derivados de mandioca feitos pela tia, seus livros e cadernos de estudos, ministrados pelo próprio tio, numa escola improvisada pelos moradores da região.
Quando ele ainda era um bebê, seu pai chegou em casa de seus tios bastante afoito. Demorou pouco e disse, segundo as palavras do tio, que o mundo estava andando muito depressa e que ele queria descer daquela condução. Depois disso saiu e cometeu suicídio, simplesmente. Deixou o filho aos cuidados do irmão e foi-se embora para nunca mais. Desde então o jovem vivera ali mesmo.
De mãe ele soube muito mais tarde, quando os tios o julgavam mais maduro para entender. Soube que na noite em que o pai o deixara algo terrível havia acontecido. Dois meses antes de tudo a mãe, supostamente atormentada pelos problemas da gravidez recente, abandonara o marido por outro e saíra de casa como quem resolve ir à missa aos domingos, assim mesmo, anunciando. Deixou o filho com o pai e se foi, dizendo que moraria em outra cidade, longe dos dois, que via como o tormento de sua vida. Decidira-se por viver com um primo muito distante, conhecido do casal e desafeto do marido. Fora-se e até aí andava tudo bem.
Mas justo naquele dia (dois meses depois), eis que tornam à porta do pai do jovem um casal nada esperado. Eram a mãe e seu novo marido, aquela já restabelecida das idéias (ao menos aparentemente no ver do ex-marido), buscando notícias do filho abandonado e almejando tomá-lo de volta para si. Calculando o despropósito de tal idéia, o pai (e ex-marido) convidou-os a entrar, sentar-se e tomar um chá. Resultado: envenenado um e mutilado o outro até a morte, por ordem de desafeto. Em seguida deixou a cidade, levando o filho num braço e o vidro do veneno no bolso. Morreria do mesmo mal que matara a ex-esposa.
 Assim o rapaz chegara àquele canto. Então continuava sua história, saindo de casa e indo pelo caminho carregando sua sacola com os produtos que venderia, além dos livros para estudar. O lugar era bonito de se ver, as paisagens diversificadas nunca enchiam de tédio quem as observava nem pela primeira vez e nem pela centésima. Logo quando fechava a porteira da fazenda, ao sair das terras de seu tio, o rapaz se encantava com os pássaros nativos que ali cresceram com ele. Já sabia imitar grande parte deles e muitas vezes recebia respostas às suas imitações. Estava em casa, para lá ele voltaria mais tarde, sempre voltaria...
E pelo estrada encontrava os vizinhos de sempre, pessoas que conhecia desde menino, quando acompanhava a tia até a banca em frente à praça da cidade. Encontrava os velhos amigos tocando cavalos e bois, roçando, colhendo, sempre ali naquele lugar de sempre, lugar que ele amava. Seu melhor amigo estava ali. Um garoto que nunca pisara na cidade, não se sabe se por medo ou outro sentimento, mas nunca se sentiu atraído por nada que viesse de lá. Mas o rapaz não o culpava. Apenas contava-lhe de tudo: carros, antenas, televisão, motocicletas e outras coisas da vida urbana, que ao amigo não queriam dizer nada além de imagens difusas em sonhos que às vezes costumava ter. O amigo do rapaz tinha uma irmã muito atraente, o rapaz gostava dela e sempre lhe trazia qualquer presente que viesse da cidade. A garota estava ávida para conhecer o ambiente urbano, mas o pai proibia, e o rapaz prometia um dia levá-la escondido. O pai da moça tinha trauma de cidade, pois um dia, quando teve de ir pela primeira vez a um banco, foi enganado por uma mulher da vida, que usou de suas artimanhas para atraí-lo para uma emboscada. Filho seu nunca pisaria na cidade, coisa antiga em estórias do gênero.
Demorava um pouco para chegar, mas o rapaz nem ligava. Ia pensando em quem encontraria pelo caminho, no que encontraria por lá, o quanto venderia, o que traria para a irmã do amigo... e quando chegava era sempre tranqüilo; primeiro arrumava a banca, que já ficava montada no mesmo lugar de sempre, com muito cuidado ele colocava cada item em seu lugar devido (o lugar de sempre) com muito carinho. E ele tinha mais cuidado com os biscoitos de aveia e os de fubá, não porque fossem mais delicados ou porque sua tia assim o recomendasse. Simplesmente se demorava mais arrumando-os e gostava disso, sem explicar. Não gostava que as pessoas desarrumassem a banca, como sempre faziam aqueles que nunca compravam, mas sempre apareciam para olhar. Mas também não se importava de arrumar tudo novamente. Depois de tudo arrumado ele se aconchegava em uma cadeira improvisada e buscava os livros, tentando se concentrar enquanto tomava conta das coisas. Vez por outra se distraía com um carro que passava, ou com um freguês, ou um moleque tentando roubar, ou uma garota do outro lado, mas geralmente lia e lia muito. Passava o tempo e ele se preparava para almoçar alguma coisa que sua tia aprontara antes de sua partida, então comia sem pressa e voltava ao mesmo trabalho. Mas geralmente ele se distraía mais com as coisas ao redor, as pessoas voltando ao trabalho, as crianças indo à escola, o movimento era maior. E lá pelo fim da tarde ele se recolhia, sem muito cansaço, algum dinheiro no bolso e muitas vezes com a sacola vazia. Quando possível e cedo passava em algum armazém ou mercado, para comprar algo para os tios.
Refazia todo o caminho e reencontrava quase todas as pessoas. Chegava em casa perto do anoitecer e prestava conta dos lucros obtidos nas vendas. Os tios sempre lhe agradeciam pela boa vontade, pois nunca lhe impuseram a obrigação de cumprir aquela tarefa: ele insistia! Sempre recusava quando tentavam gratificá-lo com alguma quantia, alegando que não o fazia pelo dinheiro, mas sim para ajudar. Mas o tio insistia que sempre recebesse algo no fim de cada semana, pois um homem deveria ter seu dinheiro, fruto de seu trabalho digno. Em seguida ia para o quarto, acendia a vela, tomava banho e esperava pelo café deitado na cama, como que refletindo sobre o dia. Depois do café estudava mais um pouco, pois no final da semana teria aula na escola da fazenda. Era quando não trabalhava e não ia à cidade, aos sábados e domingos, quando tinha tempo para conversar com os amigos e com a irmã do melhor amigo. Também era quando planejava levá-la à cidade às escondidas. Mas aquilo ficou apenas em plano.
Certa vez, num desses sábados, o rapaz procurou o amigo e perguntou pela irmã (que há uma semana não encontrava em suas idas e vindas) e o amigo respondera que a irmã havia mudado de casa, indo morar com a avó em um sítio mais afastado, caminho por onde o rapaz não passava e nem pretendia passar de tão longe que fosse. Aquilo pesou um pouco em seu peito, pois naquele sábado ele trazia um presente para ela, algo que tinha visto no mercado e lembrava muito dela. Mas a garota jamais viu o presente. Algum tempo depois casara com um conhecido da família, indo morar em fazenda muito mais distante, coisa que o rapaz lembrou como sua primeira desilusão amorosa.
Foi num sábado também que aconteceu algo muito triste para o rapaz. Sendo que ele e o tio tinham tarefas a cumprir na fazenda, quem assumia a banca na praça da cidade era a tia, não tão velha, mas não tão jovem para ficar indo e vindo no meio da cidade sozinha. E numa dessas deu-se que um moleque tentou aproveitar-se da situação. Tentou roubá-la, mas vendo que mulher resistia, virou o tabuleiro e jogou todas as mercadorias pelos ares. O prejuízo foi ainda maior, pois a tia, desconsolada, tentou agarrar o garoto e se pôs em seu encalço, sendo atropelada por uma motocicleta duas esquinas depois.
A tia não morreu, mas ficou impossibilitada de andar e, por quase um mês, o jovem teve de ficar em casa, ajudando o tio na lida com a fazenda e com as coisas da casa. E nesse período teve tempo de aprender muitas coisas que não sabia, inclusive alguns segredos culinários da tia, que antes não lhe deixava fazer nada dentro de casa, apesar de tanta insistência. Depois ele mesmo passou a preparar os produtos que seriam vendidos, quando voltou ao trabalho habitual.
Um dia a tia lhe perguntara se ele não se interessava por meninas e ele não sentiu naquilo nada de muito grave, além do fato de se recordar da irmã do seu melhor amigo com um pouco de tristeza. Mas algo o preocupou quando, com tom meio grave-meio encabulado, o tio lhe fez a mesma pergunta, acrescentando se ele não pensava em ter família. Ao que ele respondeu que já tinha, dando ao tio a possibilidade de retrucar com um “até quando?”. O homem sentia que as horas estavam chegando e sabia que o jovem precisava de um rumo. Tentou arranjar-lhe um casamento, até conseguiu-lhe um namoro. Sabia que estavam por ir, ele e a esposa, a qualquer momento, e que aquele jovem não poderia ficar ali, sozinho, sem família nem por perto e nem por longe. O jovem – sabia o tio – era bom do pensamento, podia arranjar-se com qualquer coisa que viesse, mas não em solidão, contando com estranhos.
Os dias iam passando e todos, inclusive o jovem, sentiam o peso do tempo se abatendo sobre a casa. A precoce decadência da tia estava impressa em cada suspiro de dor ao se movimentar na cama e também na tristeza com que olhava para o marido que a fitava com piedade. O tio envelhecera muito mais naquele mês do que em dez anos, sob preocupações dobradas, incertezas sobre o futuro da família e principalmente do sobrinho, sem saber se morreria antes, deixando assim o jovem a cuidar sozinho de uma mulher que morreria por não poder ela estar fazendo o contrário, ou se seria ela a morrer, enchendo a casa de angústia por ser tão sem hora o fato, deixando ali dois homens que não saberiam viver sem ela. De certo, sabia o tio, ele morreria logo em seguida, apaixonado e já desamparado por saber que deixaria o sobrinho em tais condições.
O jovem, por sua vez, costumava sair de casa no fim das tardes daquele mês, sentar-se à porta e olhar o sol descer até a tristeza começar a esfriar, depois entrava beijava os tios e continuava a rotina em um silêncio bonito, mas triste. Pensava na jovem que agora namorava, esperava encontrá-la, esperava ver melhoras na família e tentava animar os tios. Dali a alguns dias estaria na estrada, camisa, sandálias e calça jeans, sacola debaixo do braço, encontrando e reencontrando as mesmas pessoas pelo caminho, sentindo os cheiros e ouvindo os pássaros, imitando-os, entendendo a paisagem, sabendo que ali, agora mesmo, era o seu lugar.

terça-feira, 26 de julho de 2011

O Ermo da Esperança

Pernas que passam
O sol que se apaga
Os olhares se vão
E os lábios provam sorvetes

Apenas ouço vozes
Nenhum verso
Nenhuma reticência.

Lágrimas do Ausente

O mito era claro
Como estrela que se apaga
E deixa a impressão
De que nunca em outro dia
A veremos outra vez.

Ausência de mim

Choveu a noite inteira quando ela se foi
E não havia parede que não molhasse
Meu peito estremecia a cada vulto na rua
E nada era para mim nenhuma miragem

Fazia um frio sem possibilidades
Tudo ela possuía
E tudo havia levado

O som da vitrola se partiu
Os livros se quebraram
Os mapas nas paredes ficaram todos trincados

Só os cacos não molharam
Por, de certo, a piedade se achegar
O resto se foi

Sequer amanheceu
Nem parou de chover
Tudo continuava igual e piorando

As janelas não se abriam
Os cristais ficaram mudos
E o mofo encobriu as vidraças

Tudo permaneceu ali
Enquanto ela ia

A terra, a casa, os vizinhos,
Os autores menos conhecidos,
A ciência de meu pai
E o carisma de minha avó,
O grande amor de minha mãe...
Da amizade sincera dos irmãos
Até a lealdade servil do cachorro...

Todos ignoravam minha dor
Por religião, abismo cultural,
Positivismo ou sincera ignorância...
Estava eu sozinho de todos

E encerrado em minha casa de vidro
Pude ver na eterna distância
Seu olhar voltar-se um instante numa lágrima
E sumir. 

Pernóstica

Quebrei meu violino
Como Strauss, como Mozart
Como Stanley Kubrick...
A quem estou tentando enganar...
Quebrei meu violino...
Olhem só o que fiz.

A Cidade

Desde tempos curtos de minha vida esperei. Durante anos a fio esperei. A mim restaram lembranças que foram bebidas nas sujas taças da solidão.


A cidade está crescendo. É que dizem. Por ando passo estão todos animados. É noite e estão alegres em ver tanta prosperidade. Caminho entre pedras agora e não vejo tanta grandeza em tudo isso. Os maiores casarões que vi, nos quais minha história cresceu, não passam de portas fechadas e velhas. Tudo destruído! E a cidade cresce.
Agora a pouco pensava nessas bobagens de minha vida. Passei à frente do hospício municipal: ele é tão menos que a cidade que cresce. Alguém chora lá dentro e o que é para mim pequeno a alguém parece abismar. Alguém morreu.
Para a rua foge uma senhora desesperada. Desconheço aquela silhueta apesar de tão pouco larga a rua, mas me comovem seus gritos. A solidariedade sempre me foi fraca e sinto pela primeira vez tal vontade consoladora. Inexplicáveis sensações me roubam as reflexões sobre a cidade e aprofundo o olhar buscando reconhecer a mulher chorosa. Inútil tentar: larga é a distância entre nossas almas. Nunca perdi um ente, não enterrei meus avós. Não obstante ter abandonado meus pais eles ainda estavam lá a lamentar-me a escolha. Meus filhos, todos sadios, me esperam em casa.
É tarde e mesmo assim não me sinto impelido a voltar para casa. Devo entrar e conhecer o defunto? Devo consolar uma desconhecida por simples piedade vaidosa? Tomo a porta nas mãos, muitos parecem estar com a senhora, a lamentar. Sinto-me desnecessário. Talvez apenas conhecer o louco morto? Daria a um desconhecido a chance de ser lamentado.
Em busca do necrotério não encontro alma sequer. Todos parecem fugir ao desencanto inspirado pelo cheiro da morte. É a minha primeira experiência com ela. Encontro a sala, vazia de vida. Sob os lençóis o corpo não impõe nenhum medo. Não há loucura em seu silêncio. Entro respeitoso.
Ali acobertado, a mesma roupa, o mesmo rosto, o mesmo corpo... Estou morto e tranqüilo.

Poeira na Estrada

Aquele teria sido o dia mais triste de Carlos, não fosse aquele inesperado encontro com o passado. Ao lado da porteira o esperava seu pai, um velho de antigamente, quando ele gostava de manga e subia no pé para arrancar um bocado.
Por enquanto era só um velho e um pouco de espanto aquela imagem de quando menino, pois Carlos vinha apressado vender a Casa da Fazenda.
Era anos que estava distante dali. Era tempos que não olhava o mato e nem sentia o vento no rosto. Mas o velho lhe fazia jeito de ser só lembrança do pedaço de chão, clamor de infância, saudade pedindo tempo de se recompor. E Carlos já não sabia medo a fantasmas, passado ou lenda, e valeria muito aquela venda.
O pai viera lhe pedir que repensasse, lembrasse como calma dos dias de antes, buscasse a infância de olhando o tempo, braços cruzados, janela aberta, os pingos de chuva lá fora trazendo o riso. Mas Carlos parecia perdeu a memória... Os olhos do velhos choravam e Carlos passava.
Lá dentro da casa já os compradores esperavam. O velho já estava e ficou, olhando o filho e reprovando, implorando muito mais que ordenando. Carlos, incomodado, quase pediu que saísse o fantasma, mas era ali seu pai que não via faz tempo e talvez para sempre. Resolveu dar atenção àquela inesperada visita enquanto estudava os compradores.
Havia um garotinho, de cidade, que destruiria todas as plantas e ninhos e riscaria as paredes. As plantas... De um canto o pai lhe fez um sinal. Carlos o seguiu até lá fora procurando Arminda, goiabeira plantada há anos por ele e que todos desenganavam. Quantos anos teria ela agora? Carlos lembrou da espera de vê-la saindo do chão. O pai ganhara a primeira goiaba de Carlos. Àquela lembrança, Carlos voltou a si e correu ao encontro da goiabeira no quintal. Os que vieram comprar a fazenda? Esquecidos!
E lá estava ela, toda amarelo e verde, carregada... Carlos de olhos fechados a abraçou e esqueceu que um dia tinha esquecido aquele lugar. E ficou ali, sonhando, feliz. Até lembrar de agradecer ao pai por devolver a lembrança.
Procurou, mas o velho já não era. Tinha se ido até sumir... O carro de Carlos fazendo poeira na estrada foi a negativa mais explicada que receberam os compradores pouco antes de anoitecer.

Casas Destelhadas

A lua não passa
Pelas nuvens que cobrem
Os meus pensamentos.