Pesquisar

Poesia Escolhida

Abismos

Não sei se posso dizer que estou triste
Não sei se é esse o sentimento
Que resuma a sensação

Tenho quatro pares de olhos
E nenhum funciona...
Talvez isso sirva!

Minha vida
          Tem sido um abismo
                          Atrás do outro...

Diante da possível queda,
Que se me revela pela sensação
      de vazio à minha frente,
Recuo o passo...
Mas ao me virar
Lá está outro abismo
Como se o único ponto sólido que me restasse
Fosse aquele que é onde estou
Minha própria carne
De onde não posso sair sem deixar de ser.

E se deixar de ser,
De que valerá sair?!

Viver de que?
De contemplar os abismos?
Parado sempre
Na tentativa de equilibrar-me
Neste pequeno ponto que sou eu
Que sou onde estou?
...

Recuo mais uma vez
Na esperança de que, ao me virar,
O milagre revele um caminho que deixei passar...

Mas não há milagre...
E eu paro... E eu fico.