Abismos
Não sei se posso dizer que estou triste
Não sei se é esse o sentimento
Que resuma a sensação
Tenho quatro pares de olhos
E nenhum funciona...
Talvez isso sirva!
Minha vida
Tem sido um abismo
Atrás do outro...
Diante da possível queda,
Que se me revela pela sensação
de vazio à minha frente,
Recuo o passo...
Mas ao me virar
Lá está outro abismo
Como se o único ponto sólido que me restasse
Fosse aquele que é onde estou
Minha própria carne
De onde não posso sair sem deixar de ser.
E se deixar de ser,
De que valerá sair?!
Viver de que?
De contemplar os abismos?
Parado sempre
Na tentativa de equilibrar-me
Neste pequeno ponto que sou eu
Que sou onde estou?
...
Recuo mais uma vez
Na esperança de que, ao me virar,
O milagre revele um caminho que deixei passar...
Mas não há milagre...
E eu paro... E eu fico.