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Conto Escolhido

O Padrão Vegas


Havia um homem na janela. Sentado sobre a mesa ele olhava para fora. Tudo estava calmo até então, até que jogasse o dado pela primeira vez. Era um homem tranqüilo, sempre tomava suas decisões sem contar com a sorte. Mas desde ontem à tarde já não era o mesmo. O dado rolou sobre a tigela de plástico sobre a mesa e ele viu: “quatro! Perfeito”, ele pensou, “quatro a menos.”
Quem olhava lá de baixo não conseguia entender nada do que via, mas ali dentro ele sabia por quê. E aquilo chamou muita atenção, todos podiam vê-lo, confusos. Jogou novamente o dado: “um, só isso!”, ele gritou, “mas tudo bem. Esse vai ser mais distante.”
As pessoas se amontoavam na rua e ele, da janela, observava ansioso. Queria um seis, seria justo. Jogou novamente o dado, queria ter dois e poderia ter números maiores: “cinco, sim, foi um bom numero!”, sorriu ele. E contou de trás para frente... As pessoas lá embaixo agora corriam. A polícia chegou, mas ele já tinha jogado o dado mais uma vez: “dois!”. Escolheu um policial e uma idosa na calçada. Nem sequer tentou se esconder. Jogou o dado novamente e esperou. Estava mais feliz agora, conseguira um bom numero.
Oito policiais subiram para tentar prendê-lo, mas ele os esperava de olho na porta. Seis caíram com balas na cabeça. “Esse desgraçado atira como um monstro!”, gritou um dos dois policiais vivos enquanto revidava os tiros e tentava se proteger.
Mas o dado caiu de novo e atrás de um armário o homem atirou e os dois caíram... Mas tinha tirado um três e precisava de mais um. Depois esperaria: outros policiais viriam, ele se entregaria numa boa. Já estava mais do que satisfeito. Por um momento ele até se sentiu feliz.